Mulheres apostam no pão caseiro para gerar renda em Chapada dos Guimarães. Iniciativas de economia criativa ajudam a comunidade a superar a crise econômica gerada pela pandemia da Covid-19, que começou há um ano. Elas ajudam a aquecer o comércio da cidade que teve queda na visitação turística por conta das medidas de biossegurança impostas para combater o novo coronavírus.
“O pão caseiro está presente na minha vida desde sempre pela tradição da família. Hoje eu faço para me manter e retirar uma renda extra”, diz Marisa Aparecida. Ela é um exemplo de empreendedorismo criativo, no qual o diferencial é usar a mente e a criatividade para gerar lucro.
O turismo de natureza representa uma parcela importante da economia do município de 19.453 habitantes. Os serviços são a terceira fonte de renda, segundo dados da Prefeitura Municipal. Os pequenos negócios, como o de Marisa, tornaram-se em fontes de renda importantes, principalmente para as famílias de baixa renda e pequenos empreendedores.
Natural de Santa Catarina, Marisa mudou-se para Chapada dos Guimarães aos 20 anos de idade, ela aprendeu a fabricar os pães com sua mãe um pouco antes. Foi o gosto pelo pão que a fez aprender.
“O pão caseiro está na minha essência, antes de vir para Chapada, eu disse para minha mãe: 'Mãe, e agora? E o pão?', e aí ela me ensinou o básico da preparação da massa”, contou.
E o fermento natural foi o que tornou o pão de Marisa tão cobiçado pelos clientes. Feito apenas com água e farinha a partir de fermentação natural em um processo que dura oito dias. Não há aditivos químicos, o processo é orgânico. Ao contrário do fermento comum, que tem base de bicarbonato de sódio e também o ácido necessário para criar a reação química para a massa crescer, ingredientes que não fazem bem à saúde.
Mesmo antes da pandemia, Marisa já usava o sistema de entrega. Hoje, os clientes continuam retirando os produtos em sua casa. A empreendedora também entrega em domicílio. Para isso, ela conta com alguns colaboradores remunerados com diária.
Covid-19
O sistema de entrega acabou salvando o negócio de Marisa durante a pandemia. No início, ela ficou com medo de não conseguir continuar a sua produção e venda dos pães. Porém, criou regras de segurança para a entrega e assim tem se mantido. Ela recebe um cliente por vez, tomando todas as medidas de biossegurança contra o vírus, como o uso de máscara, álcool em gel e outras medidas sugeridas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O pão é vendido assim que pronto. “Assim que a fornada sai, eu já aviso meus clientes que já podem vir retirar e pergunto se preferem a entrega”, conta a empreendedora.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) aponta que iniciativas como a de Marisa crescem cada vez mais no país. Os dados são do Anuário dos Trabalhadores das Micros e Pequenas Empresas (MPE) publicado em 2015. Segundo o estudo, o número de mulheres empreendedoras no Brasil cresceu 15,4% – saltando de 6,9 milhões para 8 milhões em 10 anos.
A clientela de Marisa cresce, a cada dia, de forma orgânica, como o seu pão. Marisa conta que tudo começou com amigas e pessoas próximas que provaram o pão e gostaram. Em seguida, foram repassando sobre a qualidade e o diferencial dos pães, como o fermento, e surgiram mais clientes.
Apesar dos financiamentos divulgados pelo governo federal, não há previsão de expansão para Marisa. A burocracia é um empecilho a sua sobrevivência, mesmo resistindo com o seu negócio em plena pandemia. “Eu possuía uma micro empresa, trabalhava com apoio do MEI (Microempreendedor individual), infelizmente tive que fechar, agora estou esperando o momento certo para reabrir novamente.”, diz a empreendedora.
*Iris Lechener de Figueiredo, aluna do LabCom A Lente, projeto de comunicação apoiado pela Lei Aldir Blanc realizado com jovens de Chapada dos Guimarães
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