Se você pudesse encontrar você mesmo com 15 anos e pudesse deixar uma mensagem, o que você diria?

Num exercício de imaginação com amigos foi feita a seguinte pergunta: que mensagem você daria para si mesmo aos 15 anos de idade? Acho que eu, desse presente, ficaria primeiramente surpreso porque a minha memória diz que eu era um rapaz aos 15 anos, mas eu veria uma criança magricela, possivelmente com uniforme da escola. Mas vamos à missão. Eu ia tentar não mudar muita coisa, nada que alterasse o rumo da vida, como “escolha outro curso” ou “jogue esses números da loteria”, porque mudaria tudo, eu gosto da minha história. Eu não teria conhecido as pessoas que conheci e amo. Se eu não tivesse vivido como vivi, eu nem seria eu, seria outra pessoa.

Então seria melhor não dizer nada? Certamente. Então eu seria um viajante do tempo que ia ficar olhando um garoto de 15 anos atravessando ruas ou olhando bancas de revista, sem dinheiro para comprar as que queria. 

Não dá. Eu tenho uma coisa pra falar e vou falar. Não lembro exatamente o que eu fiz em cada data, mas eu sei onde eu morava com 15 anos, sei o horário que saía da escola e onde pegava o ônibus, então vou me abordar da forma que vai causar menos tensão ao menino Augusto. Me sigo de longe e no ponto de ônibus eu digo o clássico da ficção científica: eu sou você do futuro. 

Se eu duvidar, mostro meu documento pra minha versão jovem para provar, em seguida digo: “olha, no geral nossa vida vai ser boa, fica tranquilo. Em poucos momentos a gente tem mesmo que fazer uma escolha importante, então na maior  parte do tempo, deixa rolar. A gente não é tão inteligente quanto você pensa agora, mas isso não é um problema. Tá tudo bem estar na média, confia no teu julgamento”.

E agora, depois de pensar sobre tudo isso, me dou conta que me comporto como a mãe de Paul MacCartney, dizendo simplesmente “let it be”.