Passados 7 meses desde o início do bloqueio no trecho do Portão do Inferno na MT-251, estrada que liga Cuiabá a Chapada dos Guimarães, a situação piora os transtornos de quem mora na região. Mesmo com a pista em sistema de pare e siga, a demora para seguir viagem afeta moradores, visitantes, comerciantes, turistas e a economia local de modo geral.
A reportagem do Gazeta Digital esteve em Chapada e conversou com moradores e comerciantes, que relataram dias de incertezas, queda no movimento dos estabelecimentos e na circulação de pessoas e veículos, que vem se agravando constantemente.
“Nós tivemos o problema da Covid, aí depois da pandemia veio a reforma da praça em um prazo que não deu certo e agora esse problema do Portão do Inferno, que está nos afetando e os turistas quase não estão vindo pra cá. A nossa preocupação é muito grande, porque há muito tempo passamos por isso. Está sendo difícil manter o comércio aberto”, aponta o comerciante Otacilio Junior Martins, 60, que tem seu estabelecimento aberto há 22 anos na cidade.
Ele destaca que aos fins de semana e feriados têm conseguido fazer um bom atendimento, muito embora não se compare ao movimento que tinha anteriormente. Já durante a semana, as portas ficam fechadas para não ter prejuízo.
Já a comerciante Linda Marchessi usa a estratégia de manter o comércio aberto todos os dias. Para ela, é importante ter fluxo constante de atendimento em sua padaria. Mesmo tendo o espaço bem localizado, ao lado da praça Dom Wunibaldo, aponta que o movimento na região tem caído significativamente, o que faz com que o setor seja impactado com baixas constantes.
“Nós tivemos dois agravantes: a pandemia e a reforma da praça, que ficou todo aquele tempo fechado. Tudo parado aqui ao redor. O comércio caiu muito, o pessoal todo mundo reclamando. Aí quando abriu a praça, fechou a estrada e ficou mais difícil ainda. Então, isso atrapalha bastante, ainda mais os movimentos no final de semana”, descreve.
A comerciante explica que tanto ela quanto os donos de estabelecimentos vizinhos percebem a rua coberta com um “termômetro” para a movimentação na cidade, mas que mesmo por lá as coisas andam paradas.
“O movimento aqui caiu uns 50% para mais do que era antigamente. Com essa obra vai cair uns 70% porque vai ter que fechar, principalmente no começo da obra. Tem muita gente que já tá pensando em fechar durante 30 dias, entrar com férias coletivas. Os comerciantes que pagam aluguel estão sofrendo demais”, narra o comerciante Vandesir da Silva, 58, que tem seu estabelecimento aberto há 34 anos.
O fornecimento das mercadorias é outra dificuldade enfrentada. “Se a mercadoria vem de Cuiabá, a gente tem que buscar, pagar mais caro, porque agora eles vêm lá por Campo Verde, Serra de São Vicente, então se torna tudo mais caro”, complementa.
Quem circula pela cidade nota o aumento dos preços nas refeições e outros itens comercializados. Com a proibição de circulação de veículos pesados pelo trecho do Portão do Inferno, a alternativa é comprar produtos que possam transitar por uma rota alternativa, o que encarece os insumos.
Neste caso, a solução é seguir pela BR-163 e 070 até Campo Verde e, de lá, seguir pela MT-140 e MT-251 até Chapada dos Guimarães. Por conta deste trajeto maior, consequentemente os valores tiveram alta, o que contribui para impactar as vendas.
Entre relatos e desabafos, chapadenses comentam que a interdição, mesmo que parcial da via, tem desanimado visitantes e turistas a se dirigir à cidade. O tempo de espera parado na estrada atrapalha a previsão de horário de chegada e saída da região.
A previsão para as obras no paredão do Portão do Inferno são de até 4 meses, mas ainda não têm data de começo, mesmo com a liberação dos órgãos necessários. As obras serão executadas pela empresa Lotufo Engenharia e Construções Ltda, no valor de R$ 29.582.403,57, sem licitação.
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