Sociedade, cultura e política com jogo de cinturaGuto é assessor de comunicação, se interessa na integração do desenvolvimento sustentável rural e urbano e expressões culturais
Vou precisar começar do óbvio: o que é preconceito? Indo ao dicionário, obtemos: Ideia ou conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério ou imparcial. Opinião desfavorável que não é baseada em dados objetivos.
Mesmo sem citar uma característica específica, a palavra lhe remete ao grupo ao qual você está ligado ou ao grupo ao qual seu preconceito se dirige. Até agora não falei de nenhuma característica, mas vamos a um preconceito menos óbvio e mais raro, preconceito contra os canhotos. Existe? Deve existir, tem gente que tem medo de palhaço, então não vamos duvidar de possibilidades.
Imagine que alguém não goste de canhotos por alguma crendice da idade média ou porque o canhoto esbarra no destro se estiver escrevendo na mesma bancada. Esse sentimento não é bonito, mas é aceitável se essa pessoa não tratar mal a pessoa canhota ou se não disser a ela.
Todos temos algum preconceito, uma opinião prévia sobre alguma característica. O que não pode acontecer é seu preconceito se transformar numa atitude de discriminação. O que eu faço para não ter essa atitude? É preciso reconhecer que você tem esse preconceito. Não é possível combatê-lo negando a sua existência. “Eu não gosto do canhoto porque ele me olhou feio”. É mentira e você precisa admitir. Para negar, às vezes as pessoas tentam elogiar quem é alvo do seu preconceito. “Ele é canhoto, mas é tão gentil”. Quando entra esse “mas”, você deixa claro que tem.
O passo dois é tentar entender por que você tem esse preconceito. Seu pai também tinha? Sua avó? Sua roda de amigos da escola fazia piada com gente com essa característica? Todo preconceito é social e vem de pessoas que foram referência para você. Essas pessoas podem continuar merecendo seu respeito, mas é importante aceitar o fato: elas são preconceituosas e discriminam pessoas.
O passo três é não expressar seu preconceito. Guarde a informação para você, não compartilhe sua visão com amigos, não cultive, não reproduza. Seja zeloso com suas palavras, seus gestos, suas escolhas, para que elas não demonstrem que esse preconceito existe. Eu tenho os meus, já falei deles, mas vejo que o lugar dos meus preconceitos é no porão do meu ser, sem água, sem luz, sem comida e principalmente sem voz. Não se culpe por ter algum preconceito, mas saiba que você tem responsabilidade de combatê-lo. O preconceito foi construído em você e pode ser desfeito.
Sensação
Vento
Umidade