Em ato simbólico, um grupo de moradores de Chapada dos Guimarães abraçou o Portão do Inferno, na última sexta-feira (22), contra as obras de retaludamento na MT-251, que consiste na retirada do maciço rochoso da curva no local de acordo com projeto do Governo do Estado.
Os moradores reclamam que a escolha pelo retaludamento, ao invés de outras opções como um novo viaduto ou túnel, foi imposta e a população não teve oportunidade de opinar sobre como os impactos influenciariam no comércio e turismo do município. O objetivo das obras é acabar com as quedas de pedras do paredão na rodovia.
O ato foi realizado durante visita técnica de agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) à região e pretende demonstrar o comprometimento da população com o patrimônio histórico e cultural e divulgar os perigos do retaludamento.
Além de afetar sítios arqueológicos no local, estudos apontam que o projeto do Governo do Estado será realizado sem a aglutinação do morro de arenito com o concreto, condenando o morro a sofrer erosões similares a uma “voçoroca”, que são grandes buracos de erosão decorrentes da água da chuva.
Com a ocorrência de voçoroca, toda a areia gerada dessa erosão terá como destino o Complexo Turístico da Salgadeira e o Rio Coxipó. De acordo com a pesquisa de geólogos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a erosão terá um efeito “dominó”, acarretando em desmoronamentos que prejudicarão as populações de Chapada e Cuiabá.
Um abaixo assinado que já conta com quase quinze mil assinaturas também está sendo realizado pelo grupo de moradores e pode ser acessado neste link. O Movimento de Moradores de Chapada dos Guimarães também divulga informações sobre o retaludamento e suas críticas no Instagram.
As obras na MT-251 estão previstas para começar nesta quarta-feira (28) e pretendem resolver o deslizamento de pedras nos paredões do Portão do Inferno. Em dezembro de 2023 foram registradas duas quedas de rochas na região em menos de 24 horas. Na época, o Governo de Mato Grosso decretou situação de emergência.
Leia também: Moradores, pesquisadores e professores da UFMT se unem contra as obras do Portão do Inferno
De acordo com a Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT), antes do início efetivo das obras, agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e do ICMBio realizarão serviços de controle ambiental e limpeza do terreno, que incluem o resgate de espécies da flora local e a retirada de animais da área.
Toda a remoção da vegetação será realizada sem o uso de maquinário pesado, a fim de minimizar os impactos ambientais, preparando o terreno para a próxima fase das obras, que inclui a abertura de um caminho de acesso seguro e eficiente.
Por conta disso, a princípio a rodovia não será interditada. Caso seja necessária a interrupção do fluxo de trânsito, a Sinfra deve informar à população com ao menos sete dias de antecedência.
Sensação
Vento
Umidade