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MÚSICA PRA ASSISTIR

Quando Bowie me tirou para dançar

Como as músicas de David Bowie sempre me convidaram para um mergulho cinematográfico, transformando cada cena em uma coreografia inesquecível.

UM FILME A DOIS

UM FILME A DOISElton Rivas é apaixonado por cinema, vídeo, séries, comerciais de TV e outras expressões audiovisuais. Psicólogo, Doutor em Comunicação e Semiótica e professor universitário.

08/09/2024 12h31
Por: Elton Rivas
Fonte: Elton Rivas

David Bowie, o camaleão da música, dispensa apresentações. Mas gostaria de destacar sua presença no cinema. Não como ator, território em que Bowie também se aventurou, mas pelo uso de suas canções a favor da narrativa. Quando suas músicas surgem em algum filme, é como um convite para participar da cena, uma imersão. Sinto que Bowie me tira para dançar.

Comecemos com A Marca da Pantera. Cat People (Putting Out the Fire), domina a trilha sonora do filme. Décadas depois, Tarantino, com seu gosto peculiar, reutilizou a canção em Bastardos Inglórios, na cena em que Shoshanna, interpretada por Mélanie Laurent, se prepara para incendiar o cinema, literalmente e figurativamente. A música não poderia ser mais apropriada.

Quem se esquece de Greta Gerwig correndo pelas ruas de Nova York ao som de Modern Love em Frances Ha? É uma cena que te faz querer largar tudo e sair correndo também, apenas para sentir essa mesma leveza, essa liberdade.

Em As Vantagens de Ser Invisível, Heroes surge na icônica cena do túnel, onde os personagens, jovens e cheios de esperança, se entregam à sensação de invencibilidade. Emma Watson nos faz acreditar que todos podemos ser heróis – nem que seja por um dia.

Lars von Trier traz Young Americans de forma sutil e amarga em Dogville e Manderlay. As imagens do declínio americano ganham peso com a voz de Bowie, mostrando o lado da história que preferem esconder. Von Trier faz de Bowie a trilha certa para suas narrativas, que não poupam ninguém.

E Ben Stiller, perdido em devaneios em A Vida Secreta de Walter Mitty, finalmente toma coragem para viver sua grande aventura ao som de Space Oddity, cantada por Kristen Wiig. Uma cena que transforma o sonhador em protagonista de sua própria vida – uma versão moderna do Major Tom, mas desta vez com final feliz.

Wes Anderson, claro, também trouxe sua dose de Bowie em A Vida Marinha de Steve Zissou. Só que aqui, Seu Jorge faz versões acústicas e em português de clássicos como Starman e Changes – heresia para alguns, mas sem dúvida um dos tributos mais únicos e criativos ao legado de Bowie.

Por fim, temos Starman surgindo em Perdido em Marte. A trilha sonora embala a preparação de Mark Watney (Matt Damon) para seu retorno à Terra. De certa forma, a canção une a humanidade – cientistas de várias partes do mundo se esforçam para trazê-lo de volta –, e Bowie, como sempre, está lá, fazendo com que todos acreditem que é possível.

E, finalizando, ainda me agarro à melancolia, doçura e uma espécie de desespero que sinto quando Under Pressure surge em Aftersun. Nesse momento, Paul Mescal, o pai, chama sua filha Sophie (Frankie Corio) para dançar. Eu vou junto. A cena, ao som da música de Bowie e Freddie Mercury captam emoções que só o tempo, a nostalgia e a vida são capazes de trazer à tona.

 

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