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FUMAÇA DESGRAÇA

MUNDO BRANCO

Sem sombra de dúvidas, já não nos restam sombras sob as quais possamos duvidar

Tempo Horário

Tempo HorárioMax Rodrigues, professor de História do IFMT. Graduação e Mestrado pela UFMT. Membro do Movimento Negro Unificado (MNU). Presidente da Comissão Antirracista no IFMT campus Primavera do Leste.

22/09/2024 10h59
Por: Max Rodrigues
Fonte: Max Rodrigues

Não adianta Agosto Lilás, Setembro Amarelo, Outubro Rosa, Novembro Azul e Dezembro Vermelho se o que nos adoece é, basicamente, Branco e Cinza.

Sem sombra de dúvidas, já não nos restam sombras sob as quais possamos duvidar. Já não há palavras com as quais muitos de nós possamos representar a dor de ter e não ser. Temos todos os produtos que nos asseguram o desconforto de nada ser senão consumidores passivos das cinzas de um presente contínuo notadamente branco. 

O Brasil é o terceiro maior produtor de commodities (produtos primários, ou seja, matéria-prima para exportação e cuja cotação é estabelecida pelo mercado internacional) do mundo. Por extensão, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), são 3.162 agrotóxicos liberados para uso no país. Só entre 2019 e 2022 foram 2.181 novos registros (média de 545 por ano). 

No início de Julho de 2024, Carlos Fávaro, ministro do MAPA, anunciou que o Plano Safra 2024/2025 irá contar com R$ 400,59 bilhões além de R$ 108 bilhões em recursos de Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), para emissões de Cédulas do Produto Rural (CPR); totalizando R$ 508,59 bilhões para o desenvolvimento do agro nacional (dos quais R$ 85,7 bilhões são voltadas para ações para a agricultura familiar). Para continuar dando lucro, o Agronegócio assim como o próprio sistema capitalista precisa expandir sua produção e seus mercados… E a especulação imobiliária é um dos principais meios pelos quais isso acontece. As queimadas fazem parte deste processo e são constitutivas da expansão das áreas de produção principalmente na Amazônia Legal e no Cerrado. 

Estamos todos sufocados pela “fumaça desgraça que temos que tossir”, procurando refresco nas águas contaminadas pelos agrotóxicos que temos que engolir. Tudo em nome do lucro em dólar de uns poucos que sequer moram aqui. Atendendo a uma (i)lógica de mercado, do rentismo de uma elite do saque, de evasão de divisas, de necropolítica… 

Não nos servimos do Agro. Não está na nossa mesa. É ele quem se serve de nós, de nossos corpos cada vez mais doentes, sedentos consumidores na engenharia social chamada neoliberalismo.

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