Sociedade, cultura e política com jogo de cinturaGuto é assessor de comunicação, se interessa na integração do desenvolvimento sustentável rural e urbano e expressões culturais
Janaina
Depois de uma festa, voltando na madrugada de um domingo (03/10/2021), em uma chácara na comunidade rural de Sucuri, em Cuiabá, Janaina, seu marido e amigos estavam dentro do carro. Um deles deu um disparo de arma de fogo para o alto, pela janela do veículo, quando colocou a arma para dentro do carro novamente, aconteceu o disparo. O atirador estava no banco de trás do carro, Janaina estava na frente. O tiro atravessou o banco e atingiu o coração da vítima.
Janaína Silva Barroso tinha 27 anos, foi socorrida pelo marido e por amigos, mas não resistiu. Na época, o marido disse que ela foi vítima de bala perdida em uma festa, mas o amigo dele, Lucas Jordan Marciano de Souza confessou, ao delegado Mário Santiago, ter sido o autor do tiro e que o mesmo foi acidental.
Desde o dia do crime, ele responde a acusação em liberdade. O autor do homicídio havia comprado a arma há três meses e foi fazer uma demonstração, segundo o delegado.
Alexandre
O policial penal Alexandre Miyagawa recebeu um tiro nas costas na noite do dia 1º de julho de 2022, numa rua do bairro Duque de Caxias, em Cuiabá. O autor do disparo foi o vereador Marcos Paccola (Republicanos), ex PM, que tentou justificar legítima defesa, versão que caiu por terra nas câmeras de segurança do local. Marcos Paccola estava armado num momento de lazer. Na conclusão do inquérito, a polícia destacou que a ação do vereador impossibilitou a defesa da vítima, que sequer estava armada.
Thiago
A câmera de segurança da conveniência de um posto, em Cuiabá, na mesma região do assassinato de Alexandre, mostra o momento em que o policial civil, Mario Wilson Vieira, mata o policial militar, Thiago de Souza Ruiz, de 36 anos.
Thiago, Mário e um outro homem estão sentados à mesa, quando Thiago mostra uma cicatriz e, em seguida, Mário se levanta com o revólver na mão e puxa a arma da cintura de Thiago. Eles entram em uma luta corporal. Os homens estavam conversando amistosamente segundos antes. O PM morreu depois de tentar fugir. Na mesa, garrafas de cerveja permaneceram de pé.
Bebida e arma não se misturam
Esses são os casos que eu lembro agora, mas há outros em Cuiabá. Nos casos dos policiais que andam sempre armados, as polícias afirmam que os agentes de segurança pública são policiais 24 horas, mesmo de folga é preciso estar de prontidão. Mas como alguém pode estar de prontidão enquanto consome a droga (álcool) que mais causa acidentes?
Após três anos da morte de Janaina, a sua família cobra urgência na realização do julgamento pelo Tribunal do Júri, cuja data ainda não foi marcada pela 12ª Vara Criminal de Cuiabá. A demora se deve ao recurso judicial da defesa do réu, em setembro deste ano, e que tem como objetivo suspender o julgamento e impedir que ele seja julgado pelo Tribunal do Júri.
Janaina era mãe de uma menina de quatro anos, na época em que foi morta. Atualmente, a irmã e a mãe dela cuidam da menina, com sete anos de idade, após obterem a guarda judicial.
Para a família de Janaina é doloroso e revoltante a demora do julgamento. Para a irmã, Alinne Barrozo não tem como descansar desse sofrimento enquanto a justiça não for alcançada.
(Em colaboração com Rose Velasco, jornalista voluntária da Associação das Famílias Vítimas de Violência de MT)
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