Após anos de insatisfação com a falta de transparência e resultados da antiga associação que representava os remanescentes quilombolas da comunidade Itapema, um grupo de moradores tomou a iniciativa de criar uma nova entidade. A Associação Comunitária Remanescente de Quilombolas do Ribeirão do Itambé (ACOREQUIRI), registrada, foi formalizada para lutar pelos direitos e interesses da comunidade.
A fundação da ACOREQUIRI, sediada em Cachoeira Rica, na zona rural de Chapada dos Guimarães, a 45 km da sede do município, marca uma virada na busca por melhorias e maior participação no processo de decisões que afetam os quilombolas. Neste sábado (23), membros da nova associação se reuniram para debater questões prioritárias para o grupo.
Dona Maria José, uma dos remanescentes quilombolas e porta-voz da iniciativa, destacou o principal motivo para a criação da nova entidade. "A gente só paga mensalidade para a associação do Itapema e não tem resposta de nada. Já são dez anos assim. Nomeamos uma pessoa como presidente e ele não faz nada. Benefícios que vêm de Brasília nunca chegam até nós", desabafou.
Segundo ela, a nova associação pretende estabelecer uma relação mais próxima com o poder público para retomar os direitos supervisionados da comunidade. "Estamos nos organizando porque queremos respostas e acesso ao que é nosso por direito. Por isso, montamos essa nova associação, com o objetivo de trabalhar de forma transparente e eficiente", afirmou Maria José.
Durante o encontro, foram discutidos diversos temas de interesse coletivo, incluindo o acesso a recursos destinados às comunidades quilombolas, infraestrutura local e programas sociais. Os representantes da nova entidade reforçaram o compromisso de buscar apoio junto às esferas municipal, estadual e federal, garantindo que os benefícios cheguem diretamente à comunidade.
A ACOREQUIRI já planeja novas reuniões e ações para fortalecer sua atuação. "Esse é um recomeço. Queremos unir a comunidade e lutar juntos pelas melhores condições de vida", finalizou Dona Maria José.
A mobilização quilombola na Chapada dos Guimarães reflete a determinação dessas comunidades em buscar justiça e reconhecimento. A criação da ACOREQUIRI simboliza não apenas a luta por direitos, mas também a renovação da esperança em construir um futuro mais digno para os quilombolas remanescentes da região.
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