No estado com a maior taxa de feminicídios do país - 2,5 mortes para cada 100 mil mulheres -, a participação feminina na política também enfrenta desafios. Apenas 13 mulheres comandam prefeituras em 142 municípios de Mato Grosso. No Dia da Conquista do Voto Feminino, celebrado hoje (24), a trajetória das pioneiras na política mato-grossense mostra avanços, mas também evidencia os obstáculos que ainda persistem.
A participação feminina na política avançou desde 1932, quando as mulheres conquistaram o direito de votar e serem votadas, mas a desigualdade na ocupação de cargos eletivos ainda é uma realidade. O número de eleitoras em Mato Grosso já supera o de homens, mas a presença feminina entre candidatas segue sendo inferior.
Para a presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT), desembargadora Maria Aparecida Ribeiro, iniciativas institucionais são fundamentais para incentivar essa participação. Acredito que é essencial fortalecer políticas de incentivo à participação feminina, garantir financiamento adequado para campanhas de mulheres e promover programas de formação política voltados para lideranças femininas, afirmou.
Mato Grosso teve poucas mulheres em posições de liderança ao longo da história. A primeira governadora do estado, Iraci França, que assumiu o cargo interinamente durante a gestão de Blairo Maggi, destaca que a presença feminina na política é uma conquista que deve ser ampliada. A mulher, como integrante da sociedade, já deveria participar. Essa conquista resgata um direito das mulheres, disse Iraci. Para ela, um dos principais desafios ainda é a coragem de disputar eleições em condições de igualdade com os homens. A mulher tem sensibilidade e, hoje, é um direito seu participar do processo político, acrescentou.
Iraci, que ocupou a cadeira de governadora por 40 dias ao longo de quatro períodos diferentes entre 2003 e 2006, reforça que é preciso valorizar a presença feminina nos espaços de decisão. As mulheres conquistaram com muita luta o seu espaço e vem provando sua dedicação, eficiência e competência em cargos no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. O que é preciso é reconhecer o seu valor.
A primeira prefeita de Cuiabá, Jacy Proença, que chegou também ao cargo na condição de suplente, relembra que, mesmo após a promulgação da Constituição de 1934, as mulheres ainda enfrentaram barreiras para exercer seus direitos políticos. O Código Eleitoral da época permitia que apenas mulheres casadas com autorização do marido, viúvas e solteiras com renda própria pudessem votar ou ser votadas. Isso restringia muito a participação, pois a inserção da mulher no mercado de trabalho ainda era limitada.
Somente em 1946, o voto feminino tornou-se obrigatório, garantindo igualdade de direitos no processo eleitoral. No entanto, a presença das mulheres nos espaços de poder continua desproporcional. A lei impactou ao garantir a participação regulada das mulheres nas eleições, mas a representação feminina ainda é muito inferior à presença delas na sociedade, pontuou Jacy.
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