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URBANISMO SOCIAL

Plano Diretor e participação popular: A falha em educar para decidir o futuro de Chapada dos Guimarães

Sem participação real, a revisão do Plano Diretor vira um ritual burocrático, incapaz de enfrentar a especulação imobiliária, a crise habitacional e os desafios climáticos.

OPINIÃO

OPINIÃOA coluna OPINIÃO do Notícias de Chapada é um espaço onde diversos profissionais, de áreas variadas, abordando suas visões, análises e reflexões sobre os acontecimentos que impactam nossa sociedade.

27/02/2025 13h13Atualizado há 4 semanas
Por: Carolina Barros
Foto: reprodução
Foto: reprodução

Estive na audiência pública sobre a revisão do Plano Diretor de Chapada dos Guimarães e saí com uma sensação incômoda: os instrumentos de participação continuam falhos. A cidade cresce, os aluguéis disparam, a especulação imobiliária toma conta, e o debate acontece de forma burocrática, sem um esforço real para que a população compreenda e interfira no rumo que Chapada está tomando.

A provocação do promotor Leandro Volochko e da artista Paula Biul ecoa no peito até agora: "Que cidade queremos?" Para responder a essa pergunta, é preciso educar para a participação. A população precisa entender que o Plano Diretor não é um documento distante. O trabalhador que paga um aluguel alto precisa saber que as decisões de hoje definirão se haverá políticas habitacionais eficazes no futuro para melhorar o cenário desesperador que estamos enfrentando hoje.

Outro ponto crítico é a ausência de um plano para adaptação e mitigação das mudanças climáticas. Chapada, com sua biodiversidade única, não pode ignorar os impactos do crescimento desordenado sobre os recursos hídricos, o desmatamento e as áreas de risco. Como a cidade pretende enfrentar eventos extremos e garantir um desenvolvimento sustentável? Essa resposta deveria estar no Plano Diretor.

Durante a audiência, conversei com o arquiteto Benedito Libânio, e discutimos táticas para tornar esse processo mais acessível para população.

  • Oficinas comunitárias para explicar, de forma simples, metodologia, uso e impacto do plano diretor;
  • Criação de materiais didáticos acessíveis, como vídeos curtos e ilustrações, pensando em uma cultura inclusiva;
  • Realizar encontros nos bairros para descentralizar o debate, primordial, ainda mais se tratando de uma cidade sem transporte público.

Se queremos uma Chapada mais justa e equilibrada, precisamos sair da lógica da "audiência formal" e entrar na lógica da "formação cidadã".

Se não nos mobilizarmos agora, daqui a uma década estaremos novamente lamentando a cidade que poderíamos ter construído – e que deixamos escapar.

O que está em jogo não é só um documento técnico – é o futuro de quem vive e viverá aqui.

 

Sobre autora:

Carolina Barros é gestora de projetos e moradora de Chapada dos Guimarães. Atua no desenvolvimento territorial por meio da cultura, idealizando e coordenando iniciativas como Coloiado - Núcleo Jovem de Produção Cultural e Pôr do Sol para Todas. Seu trabalho se concentra na interseção entre cultura, cidade e direitos, promovendo o acesso democrático à arte e à construção coletiva de territórios mais justos e sustentáveis. 

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