O cacique Raoni enquadrou o presidente Lula (PT), na última sexta-feira (4), na aldeia Piaraçu, na Terra Indígena Capoto-Jarina, em São José do Xingu (a 957 km de Cuiabá), citou que a voz dos espíritos alertam para os riscos dos danos ambientais e rejeitou a possibilidade de exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas, na região Norte do país. A fala do cacique foi traduzida por um intérprete da aldeia.
"Eu estou sabendo que na foz do Rio Amazonas, o senhor está pensando no petróleo que tem lá debaixo do mar. Eu penso que não, porque essas coisas, na forma como estão, garantem que a gente tenha o meio ambiente, a terra com menos poluição e menos aquecimento, se isso acontecer...Eu sou pajé também, eu já tive contato dos espíritos que sabem do risco que a gente tem de trabalhar desta forma, de destruir, destruir e destruir", disse a liderança.
O Governo Federal estima que seria possível extrair 10 bilhões de barris de petróleo na área da chamada Margem Equatorial, região que engloba as zonas marítimas da costa do Brasil. Os estudos de viabilidade são feitos por técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Raoni expôs o presidente, afirmando que havia lhe convidado em outras duas oportunidades, para que conhecesse a aldeia. A resposta, inicialmente, havia sido positiva, contudo, o encontro não havia se concretizado. Na terceira tentativa, de fato, o petista compareceu: "Eu vejo que são muitas lideranças vieram e gostaria que outras também estivessem, mas ele já está aqui e vamos [apresentar as nossas demandas]".
Pensando nas eleições, Raoni ainda pediu que Lula escolhesse um sucessor que se comprometesse com a causa dos povos originários. "Quero pedir para o senhor pensar no seu próximo sucessor, que tem que continuar com a forma do seu trabalho de proteger os povos indígenas e nosso território [...] Não quero que eu e você entre em contradição, que a gente faça um trabalho que possa beneficiar os povos indígenas", frisou.
Lula veio a Mato Grosso para ouvir Raoni e condecorá-lo com a medalha Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito, destinada exclusivamente para cidadãos brasileiros, instituições e estrangeiros em reconhecimentos aos serviços prestados à população. Ele é uma das principais lideranças dos povos indígenas.
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