Direito a Quê?O Notícias de Chapada criou esta coluna pra você que quer saber tudo sobre seus direitos. Aqui a gente esclarece os direitos dos cidadãos, com conteúdos do Ministério Público, PJC, PM, Defensoria, advogados e outros especialistas. Informação acessível e confiável para você saber e exercer os seus direitos.
Recentemente adotei uma obra de literatura, publicada em 1943, com meus alunos dos anos finais da educação básica, que transcende sua classificação, destinada ao público infantil, por provocar nos leitores, de todas as idades, reflexões profundas sobre a natureza humana e o sentido da vida, sobretudo aqueles que estabeleceram vínculos de cuidado e responsabilidade.
O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint Exupéry, é uma “espécie” de fábula poética que, em breve síntese, narra a aventura de um piloto que após cair com seu avião no deserto do Saara encontra um garoto misterioso, o Pequeno Príncipe, que por intermédio dos diálogos, enquanto tenta consertar seu meio de transporte, é apresentado a um universo de simbolismos e metáforas que o lembram da necessidade de se maravilhar com as coisas simples e de cultivar laços e valores de honestidade, integridade e responsabilidade.
Na obra, o Pequeno Príncipe compartilha experiências de suas viagens por vários pequenos planetas, que remetem a diferentes aspectos da humanidade, apresentando um conceito interessante a respeito da responsabilidade sobre aquilo que cativamos.
É possível correlacionar a obra apresentada com diversos aspectos da vida e até mesmo com instituições que permeiam nossa sociedade, e aqui apresento uma possibilidade neste segundo artigo sobre o Ministério Público na pretensão de apresentar sua responsabilidade com os mais vulneráveis a partir dos compromissos institucionais assumidos, afinal, nos tornamos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos, nesse caso, a justiça e a ordem democrática instituída é a nossa grande rosa, amiga do Pequeno Príncipe, e simbolicamente daqueles que prezam pela paz, segurança e dignidade humana.
A relação do jovem Príncipe com a Rosa, uma flor cativada, única e exigente, é um dos pontos centrais da história, simbolizando o amor e a responsabilidade, cujos ensinamentos, apresentados por uma raposa, remetem a importância da dedicação ao outro, que nesse caso, multiplicamos aqui por todos quantos se inserem em nossa sociedade.
O trabalho do Ministério Público, na maioria das vezes, exige que se enxergue além do que está aparente, permeiam processos de investigações que permitirão proteger vulneráveis e garantir justiça aos que não tem voz.
Exemplos temos aos montes e menciono aqui a atuação nos casos de violência doméstica ou de violação dos direitos das crianças, onde o cuidado com o invisível, a dor, o trauma e contexto onde as vítimas estão inseridas, é fundamental para que a proteção seja integral e sua escuta seja realmente ativa.
Nesse sentido é que o Órgão, representado por pessoas, deve sempre lembrar-se de sua “humanidade”, afinal: todas as pessoas grandes foram crianças um dia, mas poucas se lembram disso e o esquecimento pode causar perda da sensibilidade, criatividade e empatia, prejudicando sua atuação, sobretudo em tempos de tecnologia e burocracia sistematizadas, que tornam o sistema de justiça frio e desumanizado.
Como prometido, voltamos a falar um pouco desse ente, e aqui já o vemos crescer e buscamos, ainda que de forma singela e simbólica, compreender sua criação e responsabilidade com a sociedade, com os vulneráveis e com os compromissos institucionais assumidos por ter nos cativado, somos a Rosa do Ministério Público, enquanto sociedade carente de cuidados que garantam a preservação de direitos individuais indisponíveis, além daqueles inquantificáveis (difusos e coletivos) por sua natureza.
Mas isso, caro leitor, é assunto para outros artigos, por enquanto convido-lhe a reforçar a ideia de que o olhar sensível e humano é sempre necessário, inclusive no serviço público, afinal, não podemos esquecer de que: O essencial é invisível aos olhos.
Sensação
Vento
Umidade