Ixcuta AquiLuciana Bonfim é jornalista, fundadora do site Notícias de Chapada, além de cantora e compositora cuiabana. Com experiência no cenário musical e paixão pela arte, ela conduz a coluna "Ixcuta Aqui", unindo seu olhar sensível e sua vivência para explorar o universo da música e do cinema com paixão.
As trilhas sonoras das novelas brasileiras já foram — e talvez ainda sejam — a maior vitrine musical do país. Durante décadas, emplacar uma música na novela das oito era sinônimo de sucesso garantido. A canção virava hit, o artista ganhava projeção nacional, e, de quebra, a gente ainda se conectava emocionalmente com os personagens através da melodia. Para muitos, como eu, foi através dessas trilhas que conhecemos diversos artistas e músicas que marcaram nossas vidas.
Quem viveu essa época lembra bem: assim que saía a trilha sonora da novela, a gente corria pra loja de discos. Primeiro vinha o volume nacional, depois o internacional. E tinha todo um ritual: abrir o encarte, ver quem cantava o quê, admirar aquelas capas lindíssimas com fotos dos atores principais.
Quem viveu os anos dourados das novelas sabe: algumas músicas grudaram na memória justamente porque tocavam todo dia no horário nobre. Foi assim com "Meu Erro" dos Paralamas em O Outro, "Codinome Beija-Flor" em O Salvador da Pátria, "Palpite", da Vanessa Rangel, em Por Amor, ou "Nem Um Dia", do Djavan, em O Rei do Gado.
Mas nem todo mundo conseguia comprar os discos. Quem não tinha grana recorria à fita cassete. O botão rec ficava sempre ali, pronto pra ação. A missão era capturar a música preferida direto do rádio, torcendo pra ela começar do início e — principalmente — pro locutor não atrapalhar.
Hoje, com os streamings, redes sociais e o marketing digital poderoso, o cenário da música mudou. A diversidade de acesso é enorme, e novos artistas surgem de todos os cantos. Mas mesmo assim, a trilha de novela ainda tem seu valor. Continua apresentando vozes, relançando clássicos e emocionando quem está do outro lado da tela.
A novela "Vale Tudo", exibida originalmente em 1988, é um exemplo clássico do poder das trilhas sonoras. Sua abertura icônica, "Brasil", interpretada por Gal Costa, tornou-se um símbolo da época. Outras músicas marcantes incluíam "Faz Parte do Meu Show" de Cazuza, "Todo Sentimento" de Verônica Sabino e "Pense e Dance", do Barão Vermelho, dando “saudações aos que têm coragem”.
No remake de Vale Tudo (2025), a TV Globo optou por manter a essência da trilha original, trazendo de volta "Brasil" na voz de Gal Costa como tema de abertura. Além disso, foram incluídas novas interpretações e músicas contemporâneas, como "Olha" de Maria Bethânia, "Certas Coisas" regravada por Lenine e "Gente" na voz de Xande de Pilares.
A trilha também incorporou artistas internacionais, como Chappell Roan e Iggy Pop, refletindo a diversidade musical atual. Mas o que realmente me pegou foi "Modern Love", do David Bowie, aqui numa versão surpreendente da francesa Zaho de Sagazan. Delicinha de ficar escutando.
E você, leitor? Qual música de novela marcou a sua vida? Qual artista você conheceu porque ouvia a música todo dia no capítulo das oito? Conta pra gente nos comentários — e bora fazer essa trilha tocar de novo na memória.
Sensação
Vento
Umidade