Memórias em cores: a estrada que uniu Cuiabá e Chapada ao longo das décadas

Uma foto histórica, colorizada digitalmente, trouxe à tona memórias de um tempo em que viajar de Cuiabá até a Chapada dos Guimarães era uma aventura cheia de desafios. A imagem, registrada em 1953 pelo IBGE pelos pesquisadores Stivan Faludi e Faissol Speridião, mostra uma estrada de terra batida, cercada por vegetação e sem qualquer pavimentação. Publicada recentemente em redes sociais, a foto despertou nostalgia e curiosidade. "Que da hora... imagina pedalar aí nessa época", comentou um usuário. Outro lembrou: "Imagina a dificuldade que era pra chegar lá."  

Na década de 1950, a ligação entre Cuiabá e a Chapada dos Guimarães era pouco mais que um caminho aberto por tropeiros e moradores locais. A estrada, estreita e poeirenta na seca, transformava-se em um atoleiro na época das chuvas, dificultando a passagem de veículos. Carros de boi, jipes e caminhões precários eram os principais meios de transporte, e a viagem podia levar horas — quando não dias, dependendo do estado do trajeto. Ainda assim, era uma rota vital para o escoamento de produtos agrícolas e o acesso às fazendas da região.  

Aos poucos, a necessidade de uma via mais segura e eficiente levou o governo a intervir. Nos anos 1970, a estrada começou a ganhar forma como rodovia oficial, sendo integrada ao sistema viário estadual sob a denominação MT-251. O asfaltamento, no entanto, só viria anos depois, já nas décadas de 1980 e 1990, impulsionando não apenas o transporte de cargas, mas também o turismo. A Chapada dos Guimarães, com suas cachoeiras, trilhas e formações rochosas, tornou-se um destino cada vez mais procurado, e a estrada passou a ser percorrida por ônibus, carros e motocicletas em busca de suas belezas naturais.  

Nos anos 2000, a MT-251 entrou em uma nova fase: a duplicação. O primeiro trecho, entregue em 2010, trouxe mais conforto e segurança aos motoristas, mas o projeto completo ainda segue em andamento, com obras pontuais para melhorar a infraestrutura. Hoje, o percurso de pouco mais de 60 km pode ser feito em cerca de uma hora — um contraste gritante com as dificuldades enfrentadas pelos viajantes de 1953.  

A foto colorizada do IBGE, mais do que um registro do passado, é um lembrete de como uma simples estrada de terra se transformou em uma via essencial para Mato Grosso. E, para quem hoje percorre a MT-251 sem maiores preocupações, fica a reflexão: quantas histórias e aventuras essa estrada já testemunhou ao longo de sete décadas?