SANTANA
GOVERNO - CRIMES AMBIENTAIS
PORTÃO DO INFERNO

Geólogos da UFMT alertaram para inviabilidade da obra de retaludamento em paredão

Obra está orçada em cerca de R$ 30 milhões e já teve dois aditivos de prazos e de custo de cerca de R$ 8 milhões

26/06/2025 11h12Atualizado há 2 semanas
Por: Bárbara Rosa
Fonte: Com Diário de Cuiabá
Foto: Mario Friedlander
Foto: Mario Friedlander

A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) já havia alertado ao governo do Estado de que a obra de retaludamento não seria adequada para solucionar o impasse no Portão do Inferno, na MT-251, rodovia que liga Cuiabá a Chapada dos Guimarães.

A obra, que iniciou no final do ano passado, está paralisada a cerca de três meses e não deve ter continuidade.

Isso, porque foram identificados problemas no terreno que não haviam sido identificados inicialmente, o que compromete a execução do retadulamento.

"Uma coisa é você fazer um estudo preliminar, como fizemos naquele momento em que precisávamos tomar as providências emergenciais. Mas quando as obras começaram, foram observadas diferenças geológicas que não tinham sido inicialmente percebidas. E isso demandou aprofundar esses estudos geológicos", justificou Mauro Mendes.

Desde o início, no entanto, arqueólogos, geólogos e pesquisadores já alertavam para os impactos negativos e que a alternativa escolhida pelo Governo estadual não era viável.

Também os Ministérios Públicos Federal (MPF) e do Estado (MP-MT) ingressaram com Ação Civil Pública (ACP), pedindo a suspensão imediata das obras devido a irregularidades.

“O retaludamento foi escolhido sem uma pesquisa adequada. Eu li o processo da Sinfra para esse local. Então, eles consultaram o projeto Radam/Brasil, viram o solo que ocorre de maneira geral na área e acharam que também ocorre ali no Portão do Inferno, mas não. Se fizessem uma análise local iriam ver que ali está presente o neossolo quartzarênico, que é praticamente pura areia, areia desagregada, inconsolidada, que não se presta a uma obra de retaludamento e esse morro só está de pé porque ele é sustentado por uma película de óxido de ferro que é bastante duro e sustenta esse monte de areia, digamos assim”, explica o geólogo Prudêncio Castro Júnior, da Universidade Federal de Mato Grosso, no documentário “Portão do Inferno: patrimônio em risco”.

Conforme o geólogo, “é muito difícil construir uma obra em um local que tem essa fragilidade e a melhor alternativa e nos afastarmos dele”. “É tirar a estrada da influência da escarpa”, completou.

O documentário, dirigido por Laércio Miranda e Dafne Spolti, foi realizado pelo Fórum Popular Socioambiental de Mato Grosso (Formad) e pelo Movimento de Moradores de Chapada dos Guimarães, com apoio do Observa-MT.

Ainda segundo o governador, a Sinfra fez novas sondagens, chegando a subir máquinas pesadas em cima do morro para verificações mais precisas.

"Isso demandou uma mobilização gigante de recursos por conta da complexidade para ver a característica real daquela rocha. A Sinfra entrou com o projeto de revisão daquela solução inicial, se seria possível ou não executá-la", disse.

Mauro Mendes lembrou também que os trabalhos tiveram a aprovação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), como forma de evitar novos desmoronamentos, dando mais segurança a todos que trafegam nesse trecho.

A Sinfra deve finalizar os estudos já nas próximas semanas. "Infelizmente, essa é uma solução bastante complexa para chegar a uma decisão definitiva de qual caminho vai ser tomado, e isso vai ser feito de forma técnica, com toda a seriedade que o assunto merece", admitiu.

A obra está orçada em cerca de R$ 30 milhões e já teve dois aditivos de prazos e de custo de cerca de R$ 8 milhões.

A empresa responsável é a Lotufo Engenharia e Construções e o contrato foi viabilizado com dispensa de licitação, ou seja, não houve concorrência e apresentação de outras propostas, condições e valores.

INCONSISTÊNCIAS – Ainda em julho de 2024, o Formad e o Observa-MT emitiram nota técnica intitulada “Processo de Licenciamento Ambiental da Rodovia MT-251 trecho Portão do Inferno - Parque Nacional da Chapada dos Guimarães” em que manifestam “grande preocupação diante da iminência da emissão de licença ambiental na modalidade simplificada para obras de retaludamento”.

A nota destaca também o “Relatório Técnico Quedas de Blocos e Procedimentos de Segurança na MT 251 entre a Salgadeira e a curva da Mata Fria”, elaborado pelo geólogo Caiubi Emanuel Souza Kuhn e pelo engenheiro civil de Segurança e Trabalho, Renan Rodrigues Pires, por meio do convênio firmado entre a Prefeitura de Chapada e a Fundação Universidade Federal de Mato Grosso, que aponta várias inconsistências na escolha do retaludamento.

Dentre eles, equívoco nas características das rochas a serem escavadas informadas no estudo da Sinfra; comprometimento do viaduto atual, impossibilitando o trânsito; o prazo proposto de 120 dias para as obras serem concluídas não é factível; valor de R$ 30 milhões para a execução da obra pode estar sub-apresentado.

De acordo com os estudos, a melhor alternativa para o local é o viaduto sobre o buraco do Portão do Inferno.

Nenhumcomentário
500 caracteres restantes.
Seu nome
Cidade e estado
E-mail
Comentar
* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou com palavras ofensivas.
Mostrar mais comentários
Chapada dos Guimarães, MT
Atualizado às 17h03
24°
Tempo limpo Máxima: 29° - Mínima: 14°
23°

Sensação

0.95 km/h

Vento

30%

Umidade

SANTANA MARÇO
anuncie aqui
Blogs e colunas
anuncie aqui
Últimas notícias
Anúncio
Mais lidas
Rua Antiga
matu terapias
site