Quase 14 anos depois de um crime cruel na comunidade Rio Manso, que abalou moradores de Chapada dos Guimarães e Cuiabá, a Justiça finalmente marcou o julgamento do acusado de ser o mandante do assassinato de Lourival, um homem simples, evangélico, pai de família e sem qualquer envolvimento com o caso que motivou sua morte.
No dia 10 de julho de 2025, Altair Gomes da Silva, conhecido como “Palito”, será julgado por um júri popular no Fórum de Cuiabá. Ele é apontado como o responsável por ordenar a execução de Lourival em dezembro de 2011, numa tentativa de desviar as investigações da morte de um conhecido da região, apelidado de “Careca”.
Na época, após o corpo de Careca ser encontrado em condições suspeitas numa estrada rural, familiares dele, com apoio de policiais, prenderam por conta própria dois amigos de bebida do falecido: Catarino e Nelson. Levaram ambos à delegacia de Chapada dos Guimarães, acusando-os sem provas. Os dois foram espancados até que um deles confessasse o crime, sob tortura.
Lourival, irmão dos suspeitos, ficou indignado com a situação e decidiu ir até a cidade tentar esclarecer os fatos. Ele desconfiava que Careca, bêbado, poderia ter morrido acidentalmente ao cair em um buraco de tatu. Mas a versão não foi considerada, e os irmãos seguiram presos.
Pouco tempo depois, Lourival começou a relatar que estava sendo seguido. Mesmo vivendo distante do local da morte de Careca, passou a se sentir ameaçado. No dia 12 de dezembro de 2011, a tragédia aconteceu: Altair, primo de Careca, levou um adolescente até o posto onde Lourival trabalhava. Usando como pretexto o abastecimento de uma garrafa com gasolina, o menor atirou várias vezes contra a vítima, a mando de Altair.
Gravemente ferido, Lourival foi socorrido e conseguiu relatar à esposa e à polícia quem havia encomendado sua morte. Ele morreu nove dias depois, no hospital, em 21 de dezembro.
Desde então, a família enfrenta uma longa espera por justiça. O caso se arrastou por mais de 13 anos. O acusado chegou a ser preso, mas foi solto, e o processo judicial avançou lentamente. Somente agora, em 2025, o júri foi marcado.
A família de Lourival teme que o crime seja tratado com indiferença e pede apoio da sociedade e das autoridades para que a impunidade não vença. “Meu irmão não era bandido. Ele morreu tentando defender a verdade. Se esse crime ficar impune, o recado é que basta o tempo passar para tudo ser esquecido”, disse um familiar.
Lourival deixou esposa e uma filha de apenas 3 anos na época do crime. Trabalhador, querido na comunidade e sem envolvimento com delitos, ele se tornou símbolo de uma injustiça que perdura por mais de uma década.
O julgamento de Altair representa não apenas uma possível reparação à família, mas também um teste à credibilidade do sistema de Justiça.
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