Promessa antiga do Governo de Mato Grosso, a MT-030, rodovia projetada para encurtar o trajeto entre Cuiabá e Chapada dos Guimarães, ainda enfrenta desafios técnicos para sair definitivamente do papel. O principal entrave está no trecho mais crítico da rota, a subida da serra na chegada à cidade turística, que exige soluções de engenharia específicas por conta da forte inclinação do terreno.
A empresa Ecoplan, responsável pelos estudos de viabilidade, deve apresentar na próxima terça-feira (09) uma proposta técnica para avançar com a obra. Em entrevista ao Gazeta Digital, o deputado estadual Ondanir Bortolini, o Nininho (Republicanos), afirmou que a construção de um viaduto pode ser necessária para vencer o desafio topográfico.
“Esse projeto vem desde 2014 e a gente está lutando com ele. Agora, a empresa Ecoplan, que é renomada, está em campo fazendo o estudo do trecho crítico da serra, ali próximo à subestação de Chapada. A inclinação da rampa é o grande desafio, que precisa respeitar um limite de até 9%. Talvez será necessário um viaduto”, explicou o parlamentar.
Além de encurtar a distância entre a Capital e a Chapada, a MT-030 é vista como alternativa viável ao trecho do Portão do Inferno, conhecido por deslizamentos de rochas há mais de uma década. O local, famoso pelos paredões naturais, teve as obras de contenção paralisadas e segue sem previsão de retomada.
O próprio vice-governador, Otaviano Pivetta (Republicanos), já defendeu a nova rodovia como solução emergencial de acesso à Chapada. Estima-se que a obra custe entre R$ 350 milhões e R$ 400 milhões, com prazo de execução entre 18 e 24 meses após a licitação, prevista para até o primeiro semestre de 2026.
Hoje, a única ligação direta entre as cidades é pela MT-251, que sofre com tráfego intenso, ausência de acostamento em trechos e falta de duplicação. O governo do Estado anunciou recentemente a construção de um túnel na região do Portão do Inferno, mas a MT-030 continua sendo vista como uma alternativa mais segura e de longo prazo.
O traçado da MT-030 tem aproximadamente 30 quilômetros e começa na avenida dos Trabalhadores, em Cuiabá, passando pela Ponte de Ferro e cruzando o Rodoanel. A via segue paralela ao linhão da usina do Rio do Casca até encontrar a MT-251 nas imediações da subestação de energia de Chapada.
A expectativa popular já virou até tema de documentário: "MT-030: O Caminho para o Desenvolvimento", do Instituto Apoena, que registra relatos de moradores da região da Ponte de Ferro e comunidades vizinhas ao traçado. Muitos relatam décadas de espera por melhorias.
“Eu estou aqui há 13 anos. Sofri bastante com poeira, buracos... e escuto falar dessa obra há mais de 30 anos”, conta Jucinete Ricardo da Cruz. Outros veem a rodovia como alavanca para o turismo e economia. “O turismo vai melhorar com certeza. Vai encurtar a distância e criar uma nova rota. O custo de transporte diário vai cair”, afirmou Rafael Camargo da Silva.
Comerciantes também sentem os impactos das constantes interdições no Portão do Inferno. “Tudo que a gente pede tem frete, e quando fechou o Portão, o frete subiu”, disse a comerciante Jessica Duarte.
O prefeito de Chapada dos Guimarães, Osmar Froner (União), apoia o projeto: “A MT-251 está sobrecarregada com veículos de passeio, de trabalho, com cargas pesadas. A MT-030 permitirá um acesso mais rápido e seguro. É uma obra de custo elevado, mas essencial para o desenvolvimento regional”, pontuou.
Nininho também destaca o impacto urbanístico e acredita em uma transformação profunda no perfil da cidade: “Chapada pode se transformar em um ‘Campos do Jordão’ mato-grossense, com investimentos e infraestrutura. Vai virar um braço de Cuiabá. As pessoas que hoje moram no Coxipó vão chegar mais rápido a Chapada do que em casa, pela fluidez da MT-030.”
Via GD
Sensação
Vento
Umidade