Na altura do quilômetro 23 da rodovia MT-251, que liga Cuiabá a Chapada dos Guimarães, o milho é mais do que um ingrediente típico: é a base de uma economia vibrante e tradicional. Na região do Rio dos Peixes, cerca de 40 pequenos empresários vivem da produção artesanal de pamonha, cural, bolos e outros derivados, que movimentam o turismo gastronômico local e sustentam dezenas de famílias.
De acordo com a Associação de Moradores Mini e Pequenos Produtores Rurais da Comunidade do Rio dos Peixes, o setor gera um faturamento mensal estimado em R$ 2,4 milhões. A indústria artesanal do milho se consolidou como motor do desenvolvimento regional e atrativo para turistas em busca de sabores autênticos.
Pioneiro do ramo e referência local, o goiano Valdivino de Oliveira, o Seo Divino, comanda a tradicional Pamonharia do Divino. Em entrevista ao Gazeta Digital, ele relembra o início da jornada, ainda na década de 1980. “Comecei fazendo pamonha em Cuiabá, mas não deu muito certo. Então fui para a beira da estrada, onde tudo era mato. Era uma aposta baseada na localização, entre a capital e a principal cidade turística do estado”, conta.
A aposta deu certo. Quase quatro décadas depois, a pamonharia se expandiu e ganhou companhia de outros comerciantes na região, criando um novo polo informal de geração de emprego no Estado. Estima-se que pelo menos 100 pessoas estejam direta ou indiretamente envolvidas com o comércio do milho no Rio dos Peixes.
A rotina, no entanto, segue puxada. “Os trabalhos começam às 3h da manhã. A gente descasca as espigas, tira as impurezas, rala e tritura o milho no processador industrial. Depois temperamos e preparamos a massa. Essa parte eu mesmo faço, não abro mão”, detalha Seo Divino. Nos dias úteis, são vendidas cerca de 120 pamonhas. Nos fins de semana e feriados, esse número ultrapassa 300 unidades.
A dedicação rendeu frutos ao empreendedor. “Todo o meu patrimônio foi construído com a pamonha. Casa, carros, alimentação, viagens, educação dos meus filhos... tudo veio da venda do milho. Foi uma aposta de 40 anos que valeu muito a pena”, afirma com orgulho.
Com a fama crescente e a visita constante de turistas a caminho da Chapada, o comércio de pamonha e derivados tornou-se símbolo da economia criativa regional e um exemplo de como a agricultura familiar pode gerar renda e desenvolvimento sustentável.
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