Gente de ChapadaLugar de contar histórias de gente comum, gente de verdade, chapadenses que fazem a diferença, gente que batalha, muda as coisas, transforma de algum jeito o mundo ao redor e faz de Chapada dos Guimarães um lugar melhor pra se viver.
Há 12 anos, Dona Eliana Cintra Saches (69) decidiu recomeçar a vida aqui em Chapada dos Guimarães. Ela trouxe sua neta junto até que a filha Flávia conseguisse vir também. Cozinheira de mão cheia, chegou a abrir uma pequena lanchonete ao lado do Banco Do Brasil, na Praça Dom Wunibaldo. Mas, após uma tentativa de assalto ao banco, com troca de tiros que chegaram até seu espaço, Eliana fechou o negócio, por medo. Com a filha finalmente juntando-se a ela, as duas trabalharam em restaurantes da cidade até decidirem montar outro pequeno negócio: uma barraca de churros na praça central. “Tempos difíceis” – lembra dona Eliana – “Não importava se estava frio, se chovia, tínhamos que trabalhar pra ter comida na mesa”.
Na época, um dos bares mais tradicionais de Chapada ficou disponível para locação, o famoso “Bar do Santos”, cujo antigo proprietário é ainda muito respeitado e querido por todos da região. No mesmo dia do anúncio, Flávia decidiu que era o momento de saírem da barraca na praça e alugou o ponto, assumindo o nome do bar e encarando três meses de reforma do imóvel, ainda sem saber que ele seria responsável, a partir daí, pelas noites mais quentes dessa pequena cidade turística.
No Brasil, o número de mulheres empreendedoras cresceu de 42%, em 2000, para 57%, em 2019, segundo dados da Taxa de Empreendedorismo Inicial (TEA), projetados pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Esta expansão está aliada à tendência de emancipação da mulher, que tem tomado conta de espaços antes dominados apenas por figuras masculinas. A flexibilidade feminina acaba tornando-a mais focada no próprio negócio, principalmente porque precisa concentrar ações, já que – por seus múltiplos papéis na sociedade, dividida entre tarefas domésticas e trabalho fora de casa – dedica 18% a menos do tempo ao empreendimento que o homem. Segundo Flávia e Eliana, a maior dificuldade, no caso delas, é encontrar mão de obra qualificada: Chapada dos Guimarães não tem cursos profissionalizantes para seu principal foco, que é o Turismo. A cidade é carente de estrutura que dê base para evolução educacional de seus moradores. Quem quiser estudar tem que ir à Cuiabá ou outra cidade próxima.
De lá pra cá, as duas já enfrentam onze anos de luta: muito machismo, relacionamentos pessoais abusivos, voltas por cima, abdicações, choro e riso, muito riso. É só chegar no balcão do “Bar dos Santos” pra ver o largo sorriso dessas três mulheres fortes. Luanna, filha de Flávia, deixou o curso de Direito para ajudar no negócio da família e hoje todas trabalham juntas e sabem de tudo que gira em torno do negócio, desde a contratação dos músicos e garçons até colocar a mão na massa na cozinha, com um cardápio de sucesso feito por elas mesmas.
Juntas e uma pela outra: é assim que funciona essa empresa familiar formada por mulheres de fibra, que não têm medo do que vem pela frente e que se reinventam e se transformam o tempo todo e enquanto precisarem.
O Bar do Santos atende nestes tempos de pandemia de quarta a domingo.
Quarta a sexta: 15hs as 22hs
Sábados e domingos: 10hs as 22hs
Delivery (65) 992734873 - Retirada no local.
Sensação
Vento
Umidade