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Voyeurismo

Dentro da Casa: Quando a Ficção e a Realidade se Confundem

François Ozon nos leva a questionar os limites da criação artística e a moralidade ao explorar a relação voyeurística entre um professor desiludido e seu aluno prodígio.

UM FILME A DOIS

UM FILME A DOISElton Rivas é apaixonado por cinema, vídeo, séries, comerciais de TV e outras expressões audiovisuais. Psicólogo, Doutor em Comunicação e Semiótica e professor universitário.

29/06/2024 19h49Atualizado há 1 ano
Por: Luciana Bonfim
Fonte: Elton Rivas

Qual o limite do criador diante da possibilidade de criação artística? A vida tem duração, a arte permanece. Até onde a arte pode ir antes de ultrapassar os limites da moralidade?

Nosso filme da vez nos provoca esses questionamentos. "Dentro da Casa", um filme francês lançado em 2012, com direção e roteiro de François Ozon, adapta a peça de teatro "El chico de la última fila" do dramaturgo espanhol Juan Mayorga. Ozon explora a relação entre realidade e ficção, proporcionando uma aula sobre a construção de narrativa literária. O filme não só entrelaça camadas narrativas complexas, mas também faz uma crítica incisiva à sociedade contemporânea, ao mesmo tempo que celebra a arte de escrever.

A história começa com o professor de literatura Germain (Fabrice Luchini), desiludido com a qualidade dos trabalhos de seus alunos e com sua própria vida pessoal, se deparando com a redação de Claude (Ernst Umhauer). Na redação, o aluno descreve a experiência de um final de semana na casa de um colega chamado Raphael, apresentando uma crônica irônica e detalhada dos aspectos familiares do amigo, que termina com um gancho que prende a atenção do professor, levando-o a encorajar Claude a continuar escrevendo. À medida que Claude aprofunda sua incursão na vida da família do amigo, a linha entre realidade e ficção torna-se cada vez mais tênue.

A cada nova redação, Claude não só descreve o que vê, mas também interfere, manipula e transforma os eventos para agradar seu professor e, por extensão, nós, os espectadores. Este movimento é reforçado pela quebra da quarta parede por Claude, destacando a natureza voyeurística tanto da narrativa quanto da experiência de assistir ao filme.

A interação entre "mestre" e "discípulo" evolui para algo mais complexo e ambíguo, refletindo uma admiração mútua que, por vezes, flerta com a obsessão. Claude representa os desejos reprimidos de Germain, não só na literatura, mas também no desejo de encontrar um significado em sua vida cotidiana. A obsessão de Germain com os textos de Claude e a cumplicidade entre eles sugerem uma sociedade que valoriza a narrativa e a estética acima da moralidade e da ética.

"Dentro da Casa" não é apenas uma história sobre a arte da escrita; é uma meditação profunda sobre os limites da criação artística e as implicações éticas de se cruzar essas fronteiras. Afinal, estamos assistindo passivamente ou participando ativamente da transgressão moral dos personagens? Ao misturar realidade e ficção, o filme nos força a questionar nossas percepções e a refletir sobre a natureza da arte e da vida.

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