Gente de ChapadaLugar de contar histórias de gente comum, gente de verdade, chapadenses que fazem a diferença, gente que batalha, muda as coisas, transforma de algum jeito o mundo ao redor e faz de Chapada dos Guimarães um lugar melhor pra se viver.
Ele é capoeirista. A vida toda. Vê na capoeira profissão, sonho, identidade brasileira, futuro. A capoeira o batizou, quer dizer, como é conhecido hoje. O nome dele é Ronaldo Montezuma Filho, morador fixo de Chapada dos Guimarães desde 2014, mas você o conhece como Forró Nagô, o professor, o mestre de capoeira.
O apelido Forró veio na adolescência, aos 16 anos, quando, muito sociável, pedia para sair dos treinos noturnos de capoeira mais cedo para ir a um aniversário aqui, um “forrobodó” ali, e imediatamente começou a ser chamado de Forró pelo mestre Rayovac. O Nagô veio do grupo que faz parte atualmente – o Grupo Capoeira Nagô.
Rondonopolitano, à época morador de Cuiabá, se mudou pra Goiânia muito jovem, aos 21 anos, para trabalhar com vendas de produtos Herbalife e treinar capoeira na sede do grupo Capoeira Nagô, com o mestre Pequinês. “Eu trabalhava para pagar as contas e só treinava, logo já ajudava o mestre nos treinos e segurava a onda quando ele estava em turnê pela Europa e pelos Estados Unidos”, contou, sobre a paixão pela arte, que lhe ocupava todo o tempo livre.
Braço direito do mestre, começou a se profissionalizar, a ministrar aulas de capoeira em academias para garantir seu sustento e a produzir o Encontro Mundial Capoeira Nagô, que acontecia em Goiânia, quando capoeiristas do mundo todo se reúnem.
Em 2005, ganha uma competição, que lhe dá direito a participar de uma turnê de seis meses na Europa, mas o destino quis que ele ficasse por seis anos na Espanha. Logo que lá chegou, machucou o joelho, mas ele criou formas de ministrar aulas, mesmo com a dor. E aprendeu a lidar com o próprio corpo de forma diferente. “Eu fui reconhecendo meu corpo como capoeirista, remodelando meu jogo, ressignificando, para não sentir dor”.
Voltou ao Brasil, em 2012, com os planos iniciais de matar a saudade e retornar para a Europa. Mas percebeu que seu avô estava com a saúde bastante debilitada e passou se dedicar aos cuidados dele. Após a partida de seu avô, em 2015, já morador de Chapada, percebeu que era o momento de viver o sonho de ter a capoeira como meio de transformação social. “Eu já tinha a semente há anos [o projeto], precisava de solo fértil”, que encontrou em Chapada dos Guimarães.
Forró sempre acreditou na capoeira e fala com paixão sobre ela. É jogo, é luta, é arte, é identidade cultural. Enquanto esporte, desenvolve o corpo e a mente, contribui com a força muscular e a flexibilidade, queima calorias, combate estresse e ansiedade, melhora a autoconfiança, promove a interação social. Enquanto arte, é dança, é música, é sonoridade. Enquanto cultura, é raiz brasileira, é conhecer nossa história para transformar o futuro, é pertencimento. E forró sonha com o dia em que a capoeira seja reconhecida à altura.
Empreendedor que é, já visualizava todo o mercado possível para a capoeira: a exportação do esporte e da cultura, as aulas em academias e em escolas, apresentações em hotéis ou eventos, venda de instrumentos musicais, vestimentas e outros produtos, etc. Forró já fez tudo isso, já ministrou aulas sobre a capoeira em cursos estrangeiros de língua portuguesa, já se apresentou na rua e passou o chapéu, se especializou em designer dos amigos capoeiristas, apresentou-se no carnaval com a percussão característica, o batuque.
E, claro, a vertente voluntária. Sempre que pode, Forró ofereceu aulas a pessoas em vulnerabilidade social. Começou na APAE de Chapada dos Guimarães como voluntário – mais tarde se tornou professor contratado – e colocou em prática seu conhecimento com outras formas de expressão corporal pela capoeira.
Em 2018, conseguiu plantar a semente do Projeto Social Capoeiras do Cerrado, na Associação do Bairro Sol Nascente, de forma gratuita e buscando formas de firmar parcerias para que o trabalho tivesse mais aulas semanais (afinal, para ter um trabalho voluntário, é necessário ter outras fontes de renda).
Conseguiu diversos parceiros na cidade, especialmente na realização dos eventos e, por fim, uma importante parceria com o Ministério Público de Chapada dos Guimarães e com o Fórum Permanente de Controle Social, que garantiu repasse para a realização do projeto por um ano.
Ampliou para outro bairro, o São Sebastião (Bambuzeria), e, de 2018 para cá, procurou outros parceiros, já que os alunos eram bolsistas (e os pais contribuíam conforme possibilidade).
Ministrou aulas gratuitas, também, em três escolas municipais, mas teve que interromper o projeto, pois funcionavam em contraturno e as crianças estavam tendo dificuldade com transporte. “Eu percebi que é mais eficaz quando a gente dá aula na comunidade, porque o aluno já está lá e pode ir a pé”.
Sonhador, acredita que Chapada dos Guimarães pode ser o maior polo de capoeira do Centro Oeste.
Atualmente, o Projeto Capoeiras do Cerrado está sendo financiado pela Lei Aldir Blanc em Mato Grosso, por meio da Secel/MT, e garante aulas gratuitas a 100 alunos (dos dois bairros citados e região) neste primeiro semestre de 2021. As crianças e adolescentes (de 06 a 15 anos) ainda recebem calça e camiseta para participar.
Por causa do agravamento da pandemia, as aulas estão sendo on-line (por envio de vídeos), mas Forró Nagô desenvolveu o quarentreino, método pensado justamente para os cuidados de isolamento social.
O mestre de capoeira disse que ainda há vagas e convidou os pais a “inscrever seus kids”. O site é https://capoeirasdocerrado.com.br. Nosso personagem ainda oferece aulas particulares no Centro Educacional Sebastião Albernaz (CESA), o curso de extensão "Capoeira Kids", e aulas particulares por videoconferência (via Zoom). Para essa atuação, o grupo ao qual pertence mantém um site com todas as informações: https://capoeiranago.com.br. Qualquer dúvida, só ligar para o Forró: (65) 9 9200-5658.
Forró Nagô transforma seu entorno e torna nossa Chapada dos Guimarães ainda mais acolhedora e humana. Forró Nagô é Gente de Chapada!
Sensação
Vento
Umidade